Nome do Território e Municípios que o integram
O Território do Bico do Papagaio fica no extremo norte do Estado do Tocantins e é composto pelos municípios de: São Miguel do Tocantins, Sitio Novo do Tocantins, Axixá do Tocantins, Augustinópolis, Araguatins, Carrasco Bonito, Itaguatins, Sampaio, Buriti do Tocantins, Esperantina, Praia Norte, São Sebastião do Tocantins.
Data de realização da Caravana
A Caravana da Agroecologia do Bico do Papagaio foi realizada entre os dias 8 e 10 de novembro de 2013 e promoveu visitas às experiências de organização, produção e comercialização de grupos produtivos dos municípios de São Miguel, Esperantina, Buriti, Araguatins e Carrasco Bonito.
Organizações que organizaram a Caravana
As entidades do Bico do Papagaio que organizaram e participaram da caravana foram: MIQCB, CIMQCB, AMB, COOAF-Bico, ASMUBIP, STTR de Axixá, STTR Regional, STTR de São Miguel, ABIPA, AEFA, APIMELFRE, Comunidade Quilombola Ilha São Vicente, APA-TO.
Número de pessoas que participaram
Participaram 50 representantes de organizações de agricultores familiares, camponeses, quilombolas, pescadores, extrativistas, artesãos e técnicos dos Estados do Tocantins, Pará, Maranhão e Amapá.
Breve descrição das características mais marcantes das dinâmicas de construção da agroecologia no território
Após vinte anos de intensos conflitos agrários, em meados da década de 1980, e processo de redemocratização do País, as organizações de representação da agricultura familiar na Região do Bico do Papagaio passaram a obter importantes avanços na conquista da terra através da criação de mais de 81 assentamentos rurais vinculados ao Programa Nacional de Reforma Agrária, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, em que vivem e produzem 4.578 famílias de agricultores.
Durante a década de noventa estas organizações, apoiadas pela Comissão Pastoral da Terra – CPT, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado – FETAET e pela Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins – APA-TO, e acessando as políticas específicas para a agricultura familiar que começavam a se constituir a partir da luta das organizações, passaram a investir seus esforços em ampliar e consolidar a capacidade produtiva destas famílias recém assentadas. Estes esforços foram centrados (i) no desenvolvimento de estratégias orientadas para a ampliação de suas capacidades em garantir a segurança alimentar de suas famílias e comunidades e (ii) na produção de algum excedente para a comercialização e ampliação da sua renda monetária.
As estratégias de ampliação de segurança alimentar das famílias estiveram baseadas na produção de gêneros básicos, como, arroz, milho, mandioca, feijão e pequenos animais, principalmente para o consumo na própria propriedade, e as de comercialização estruturadas em três cadeias de valor: das frutas, inclusive nativas da região, do mel e dos diferentes produtos do babaçu, que têm como um dos seus pilares a associação da geração de renda para as famílias com a conservação da biodiversidade do Bioma Amazônico.
Neste sentido, as organizações da região têm articulado políticas públicas que contribuam para a estruturação das cadeias produtivas dos produtos agroextravistas e agroecológicos. Com isso, inúmeras agroindústrias, com destaque para o de mel foram construídas com recursos do PRONAF Infraestrutura e PRONAT, além de projetos de cunha socioambiental apoiados pelo governo e organizações não governamentais. Contudo, estas agroindústrias encontram-se fora dos padrões exigidas pela legislação sanitária ou construídas em locais inapropriados por incompreensão do poder público local, gerando novos desafios/problemas para os agricultores familiares.
Todavia, paralelamente a este processo de construção do agroextrativismo e agroecologia, baseada na produção familiar, a região ainda possui extensos latifúndios que utilizam a monocultura de capins para criação de gado de corte. Além do gado, nos últimos anos a expansão da monocultura do eucalipto e da teca vem acarretando graves conflitos socioambientais na região. Outro conflito enfrentado pela população do território do Bico é a construção da Usina Hidrelétrica de Marabá, que se for realizada inundará grande extensão de terra, e muitas experiências de agroextrativismo e agroecologia construídas nesses vinte anos.