Da memória à esperança: trajetórias de luta da Mata Atlântica do Sudeste

Diferentes povos da Mata Atlântica do Sudeste recontam suas trajetórias de luta em tenda temática no IV ENA

 

Por Paula Machado

 

Na sexta-feira, 1º de junho, 14 tendas caracterizavam os biomas brasileiros, como parte da programação do IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA), no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte (MG). Entre elas, a da Mata Atlântica do Sudeste era co-construída por agricultoras e agricultores familiares, povos quilombolas e as/os indígenas Krenak, advindos dos estados de São Paulo (Iperó, Vale do Ribeiro e Vale do Paraíba), do interior de Minas Gerais (Zona da Mata mineira e região do baixo Rio Doce) e do Espírito Santo, que apresentavam a história de seus territórios aos visitantes.

 

Quem entrasse na tenda era convidada/o a percorrer um Rio do Tempo, espécie de linha temporal em que as famílias (re)constituíam as trajetórias de resistência e enfrentamento de suas comunidades nas curvas simbólicas do Rio Doce, encenado com tecidos, desenhos, datas e dizeres; e ornamentado com fotografias, plantas, sementes, cartilhas e outros materiais representativos de suas regiões. Os visitantes estavam livres para circular, observar, fazer perguntas e prosear com as/os expositoras/es, enquanto violeiros e percussionistas entoavam canções populares.

 

Em memória ao Rio Doce, vítima há mais de dois anos do rompimento criminal da barragem de rejeitos do Fundão (Samarco/Vale/BHP), em Mariana, o violeiro Emerson Montovanelli, do Espírito Santo, cantarolava os versos: “Nosso Rio Doce vem lá de Minas Gerais, trazendo água e cultura para essa gente”. Seguido no microfone por dona Maria Madalena, do território do Baixo Rio Doce, que puxou o coro de todos os participantes: “Põe a semente na terra, não será em vão / Não te preocupes com a colheita, planta para o irmão”.

Edição: Verônica Pragana