Mãos que transformam: experiência produtiva dos grupos de mulheres no sudoeste matogrossense

Por Bruno Pilon, do MPA

Pequi, babaçu e cumbaru são frutos nativos do cerrado ignorados e destruídos pelo avanço do agronegócio da soja, do algodão e do capim. No entanto, nas mãos de mulheres camponesas da região sudoeste do Mato Grosso ganham nova forma e viram alimentos em escolas, creches e para a população local .

Farinha, sorvete, geleia, doces, sabão, óleos e carvão, os frutos do cerrado se transformam pelas mãos de diversas mulheres camponesas organizadas em grupos de produção locais que encontraram no beneficiamento dos frutos uma fonte de renda, autonomia e diginidade.

Wanda do grupo “Amigas do cerrado” explicou durante as sessões simultâneas dos territórios no III ENA como o grupo realiza o trabalho. “O cumbaru é uma castanha nativa da região, ela nasce em meio as pastagens e seu período de colheita varia entre os meses de janeiro e fevereiro. Depois que o cumbaru cai no chão iniciamos a colheita, aí extraímos as amêndoas que é transformada em farinha, a base de nossos produtos”, afirmou Wanda.
Os produtos dos grupos de mulheres são comercializados em escolas a partir do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) aumentando a qualidade e a diversidade da merenda.

Para Vanessa Scholtz, do GT Mulheres da ANA, a agroecologia e o processo de comercialização contribuem na desconstrução do pensamento hegemônico em torno do agronegócio e dos grandes mercados. “E apartir desses espaços que as criancas vêm conhecendo outros sabores, os camponeses vêm construindo novos caminhos e a agroecologia se afirmando como uma grande necessidade”, relatou Vanessa.
As sessões simultâneas envolveram todos os participantes do III ENA em 15 espaços diferentes com debates sobre as formas de produção e resistência da agroecologia em cada território.

 

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